clausura

Clausura

Dinheiro
Emprego
Apenas duas fragrâncias
Do desespero

Não posso abraçar
O papel verde
Nem amar
O labor, que sede

Sede de companhiass
O mundo nos fez assim
Sós, sem escolha
Convidaram-me
Dezenove vezes
A sair da bolha
Mas não, daqui não saio
Talvez, desde maio?

De muito antes
Sim, eu lembro
O estar só, de minha bolha
Nem sempre foi membro

Ainda posso ver
O sorriso, o gracejo
O amor, escorrer de seus dedos
Sinto, eu meu cabelo
A despreocupação
O carinho, o companheirismo
O afastar dos meus medos

Sim, o meu amor
Em algum momento
Na minha bolha
Passou um tempo

Mas saiu,
No oceano mergulhou
Convidaram-na
Dezenove vezes
E na vigésima
Falhou, e mergulhou

Mas não,
a toxicidade
Dessa cidade
Desse oceano
Não a capturou

Mas saiu
Da bolha
E cá estou
O choro, a segurar
Mas não posso falhar

Enquanto encaro
A escuridão
Da toxicidade
Deste mar, então

Aguardo, ao lado
Da solidão
O sorriso
A luz, surgirem

No mar, novamente
E, quem sabe
Para sempre
Estar do seu lado
Pôr um fim neste fardo